A disciplina Ergonomia define-se como o desenvolvimento e a aplicação da tecnologia da interface humano-sistema. Essa tecnologia lida com as interfaces entre humanos e outros componentes de sistemas, tais como: hardware, software, ambientes, tarefas e estruturas organizacionais e de processos. Assim, ela inclui especificações, recomendações, métodos e ferramentas, objetivando melhorar a qualidade de vida, incluindo saúde, segurança, conforto, estabilidade e produtividade. A Ergonomia enquanto ciência estuda as capacidades humanas e limitações para desenvolver a tecnologia da interface humano-sistema. Profissionais reconheceram o enorme potencial desta disciplina para melhorar a saúde, segurança e conforto das pessoas, além da produtividade humana e do sistema.
Então, por que as organizações não procuram os profissionais de ergonomia para reduzir despesas e aumentar produtividade? Por que as agencias federais e estaduais não forçam a criação de legislações que garantam que os fatores ergonômicos sejam considerados no desenvolvimento de produtos para uso humano? Por que tanto associações industriais como membros do congresso enxergam a ergonomia como um adicional de despesas?
Ora, esses foram expostos a ergonomia ruim, na forma de produtos ou ambientes mal projetados feitos por pessoas incompetentes, que se passam por profissionais da ergonomia quando na verdade tiveram um treinamento deficiente e vendem seus serviços como panacéia. Outro pretexto, é dizer que todas as pessoas são operadores de sistemas, que estão constantemente “operando” veículos, computadores, telefones e outras máquinas e que por usarmos essas tecnologias somos indicados como instrumento de molde para que façam suas “ergonomias”, como se ergonomia fosse algo que empiricamente poderia ser adotado. E mais, faltam argumentos concretos, lógicos e reais capazes de justificar para as organizações que ergonomia não é simplesmente a coisa certa a ser feita, e sim um investimento que trará benefícios para as empresas. E por fim, os profissionais de ergonomia tem documentado de forma pobre e feito pouca propaganda da relação custo benefício da boa ergonomia – deve-se proclamar que a boa ergonomia também é boa economia.
Agora, ver-se-á exemplos de empresas de diversos setores da economia que implantaram a ergonomia em suas estruturas e puderam comprovar os benefícios que este trabalho feito com seriedade pode trazer. Uma industria de madeira projetou protetores de pernas para os trabalhadores, designados para a poda de árvores com machado e machadinha, de uma plantação de eucalipto. O resultado foi excelente, durante um ano não ocorreu nenhuma lesão na perna provocada pelos machados, resultando em conforto para os trabalhadores que se isentaram das dores e sofrimento, bem como uma economia para a companhia de $4 milhões de dólares anual.
Um outro exemplo foi de uma empresa de trator-trailler, que decidiu melhorar ergonomicamente o assento e a visibilidade de seus veículos. Com um investimento de $6900, chegou-se a uma economia de $65000 por ano, pois melhorou a visibilidade dos motoristas, além do conforto que propiciou para os mesmos. Uma fábrica de tubos de aço e sistemas de estoque conseguiu reduzir o nível de ruído e com isso aumentou a produção em 10%, além de diminuir a rejeição de 2,5% para 1%.
Tem-se também exemplos de projeto de produto ou redesign que podem provocar um forte impacto econômico no valor das ações da empresa, nas vendas, na produtividade, e ou redução de acidentes. Os controles remotos da Thompson é um exemplo revolucionário de redesign, pois, transformou os controles em produtos fáceis de manusear, com botões coloridos e afastados de diferentes formas para melhorar a identificação de cada função, sem se falar no encaixe que o design proporciona na mão. Outro produto que fez a diferença no trânsito foi a lâmpada de freio no vigia do carro, que reduziu em 50% as colisões na traseira e reduziu a severidade das colisões, para um investimento de $5 milhões houve um retorno de $910 milhões em um ano. A faca de desossar aves reduziu as dores musculoesqueléticas dos membros superiores dos funcionários da fábrica que ao redesenhar uma faca conseguiu aumentar a produtividade e reduziu os problemas trabalhistas em $500.000. Percebe-se que quando se tem a boa vontade de procurar as melhorias dentro da organização, o investimento inicial torna-se insignificante quando comparado a economia e ao ganho a médio e longo prazo. Então, o melhor a se fazer é começar a implantar melhorias que proporcione um ambiente de trabalho favorável e confortável, pois já está provado: Boa ergonomia boa economia.
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